Berberes





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Berberes


MassinissaJugurtaJuba IPtolomeu da MauritâniaApuleioSão Cipriano de CartagoSanto Agostinho de Hipona


Abd El-Kader


Mostefa Ben BoulaïdKateb YacineIdirAhmed AboutalebSaïd TaghmaouiZinédine Zidane




Massinissa •
Jugurta •
Juba I •
Ptolomeu da Mauritânia
Apuleio •
São Cipriano •
Santo Agostinho •
Ibn Battuta
Abd El-Kader •
Abd el-Krim •
Ben Boulaïd •
Kateb Yacine
Idir •
Ahmed Aboutaleb •
Saïd Taghmaoui •
Zidane



População total

Regiões com população significativa

Línguas

berbere, árabe
Religiões

Maioria é muçulmana, pequena minoria cristã
Grupos étnicos relacionados

tuaregues, guanches, rifenhos, cabilas; povos do Saara



Mapa dos grupos berberes


Os berberes (que chamam a si próprios Imazighen, ou seja, "homens livres"; singular Amazigh[1]) referem-se ao conjunto de povos do Norte de África que falam línguas berberes, da família de línguas afro-asiáticas. Estima-se que existam entre 58 e 75 milhões de pessoas que falam estas línguas, principalmente em Marrocos e Argélia, mas também fazendo parte deste grupo os tuaregues, predominantemente nômades do Saara.


A palavra berbere, incorporada ao português por empréstimo do árabe berber (derivado de ber 'homem' com interferência do latim barbărus), perdeu muito cedo o seu sentido primeiro de "estrangeiro à civilização greco-romana". Ela designa hoje um grupo linguístico norte-africano, e os falantes do berbere são indivíduos pertencentes a um conjunto de tribos que falavam ou falam ainda dialetos com base comum, a "língua" berbere.


No uso corrente, que segue a tradição árabe, chama-se berbere ao conjunto de populações do Magrebe. No entanto, o uso da palavra para designar raça é errôneo. Não existe uma raça berbere, e os falantes das línguas berberes pertencem a etnias bem diversas. A observação mais superficial permite diferenciar um cabila, um mzabita e um targui.


As primeiras influências historicamente atestadas foram dos fenícios e, por intermédio desses, dos gregos, mas elas não parecem ter marcado profundamente os berberes. A longa dominação romana e, depois, a bizantina não foram muito mais eficazes. Nunca conseguiram submeter completamente todas as populações berberes, e mesmo as tribos submissas se rebelavam frequentemente.


A civilização romana assimilou e cristianizou uma parcela ínfima dos magrebinos: mesmo os convertidos recorriam aos cismas para afirmar a sua independência.


A língua berbere representa, na África do Norte e até no Saara, a única ligação de uma comunidade de dezenas de milhões de pessoas. Porém é uma comunidade que não se comunica, pois os grupos estão dispersos em imensos territórios.




Índice






  • 1 Etimologia


  • 2 Civilização berbere e o mundo muçulmano


  • 3 Renovação da cultura berbere


  • 4 Referências


  • 5 Ligações externas





Etimologia |


Na origem, o termo "bárbaro" — do latim barbarus, derivado do grego antigo βάρβαρος, bárbaros ("estrangeiro") — era uma palavra utilizada pelos gregos para designar os outros povos, aqueles cuja língua lhes era incompreensível, ou seja, os não gregos. A palavra bárbaros não tinha, originalmente, nuance pejorativa, significando simplesmente "não grego", sendo aplicado a toda pessoa cuja língua não era compreendida pelos gregos ou a alguém que se exprimisse por onomatopeias ("bar-bar"), segundo a percepção dos gregos.


A palavra berbere parece ter surgido após o fim do Império Romano. O seu uso no período precedente não é admitido por todos os historiadores da Antiguidade.[2]


O uso do termo se generalizou no período seguinte à chegada dos vândalos, quando das grandes invasões. Qualificados de bárbaros pelos romanos da África romana (Tripolitânia, Bizacena, África Proconsular, Numídia e Mauritânia), os vândalos vieram através da Península Ibérica. No leste da Numídia formou-se uma coalizão numido-vândala que tomou Cartago e suprimiu a influência de Roma em toda a África.


Os historiadores árabes, por sua vez, adotaram a palavra "barbaros" [3](em árabe: بَربَر, pronúncia: [bærbær]), e os europeus passaram a chamar Berbéria (ou Barbaria) toda a costa da África do Norte.



Civilização berbere e o mundo muçulmano |


A conquista árabe e a conversão dos berberes ao islamismo determinaram duramente seu destino histórico. Essa conversão se estabeleceu completamente somente no século XII. O espírito de independência e a tendência ao puritanismo cultural geralmente reconhecidos nos berberes explicam por que eles foram contra a dominação árabe e a ortodoxia islâmica, mas isso não impediu a islamização nem a arabização desses povos.




Mapa da Costa Barbaresca (1630)


A primeira classificação das tribos berberes, válida para a segunda metade do século XIV, foi fornecida pelo historiador árabe ibne Caldune. A leste se situavam os Lowata da Cirenaica, de Tripolitânia, do Jeride e do Aurès, a oeste, os branês e os Zenata. Estes últimos, grandes nômades conquistadores que chegaram na África do Norte no fim do período bizantino, foram os primeiros a serem arabizados. Os branês, aqueles que se designavam Imazighen (homens livres), seriam os berberes mais antigos. Dentre eles estavam os masmudas, sedentários do Médio e Grande Atlas, e os sanhajas, divididos em sedentários (Cutamas da Cabília, Gomaras do Rife) e grandes nômades do Saara Ocidental (Lentas, Lantunas, Gazulas).


Essa situação e essa nomenclatura não duraria por muito tempo. A imigração árabe e as invasões hilalianas reforçaram, ao menos nas regiões abertas, a arabização das tribos berberes cuja maioria renunciaria a seu nome antigo para se juntar a um clã árabe com mais prestígio. Outras tribos, no entanto, geralmente que habitavam as montanhas, como as tribos da Aurès e da Grande Cabília, do Rife e do Atlas, apesar de serem muçulmanos e várias vezes reislamizados pelos marabutos, conservavam sua língua e seus costumes.





Apuleio, escritor berbere do século II


É sobretudo na observação desses costumes que foi revelada a originalidade berbere. Esta se manifesta essencialmente pela existência de um direito costumeiro e de uma organização judiciária não atreladas à religião. As duas características desse direito berbere eram a promessa coletiva como prova e a utilização de regras e de penalidades conhecidas sob o nome de Iqanun.


Quanto à justiça, ela era julgada pelos juízes-árbitros e pelas assembleias das vilas. No entanto o costume berbere não era um direito completamente laico e não entrava em conflito com as leis religiosas. A organização social era regida pelos laços de sangue, reais ou fictícios, pela prática de trabalhos coletivos, e pelo uso de celeiros coletivos; o que se encontra tanto entre os berberes quanto entre os árabes.


Politicamente os berberes são formados pelas várias uniões dos Estados independentes (reinos de Tahert, de Tremecém, Cairuão, Fez, etc.), e de grandes impérios, como o almorávida e o almóada. Eles possuem vários tipos de organização: aristocrática, teocrática, monárquica, além da democrática dos jama'a'qui (na verdade, segundo alguns autores, as assembleias designadas pelos clãs representavam na realidade uma oligarquia dos mais velhos, governando ao nome da tradição).


Apesar de que possa se falar de uma civilização berbere, esta parece pouco original. A parca literatura berbere, puramente oral, consiste em fábulas orais, contos e cantos tradicionais ou improvisados; ela é feita sobretudo de empréstimos do Oriente árabe, à exceção de alguns poemas e cantos guerreiros. Na área artística, as formas geométricas se encontram na cerâmica, na bijuteria, na escultura em madeira e na tapeçaria.



Renovação da cultura berbere |




Bandeira Amazigh (Berbere)



Ver também: Tamazgha

A cultura berbere continua viva na Argélia e no Marrocos, menos presente na Líbia e na Tunísia e em grande parte do Saara (tuaregues na Argélia, Burkina Faso, Líbia, Mali, Marrocos e Níger).


Chama-se Primavera berbere as manifestações que explodiram em 1980, quando os falantes do berbere na Cabília (Argélia) clamavam pela oficialização da língua.


Em 1996 uma reforma da Constituição argelina reconheceu a importância berbere para o país ao lado do árabe e do islamismo. Paralelamente, as autoridades lançam um Alto Comissariado para o Amazigh (língua berbere).


No ano 2000, a partir de Paris, entra no ar a Televisão Berbere.


Em 17 de outubro de 2001 o rei Mohammed VI de Marrocos cria o Instituto Real da Cultura Amazigh (IRCAM) para promover a cultura berbere.



Referências




  1. After Gaddafi, Libya's Amazigh demand recognition, em inglês, acesso em 03 de novembro de 2012


  2. (em francês) Journée d'étude Africa Antiqua sur l'historiographie de l'Afrique du Nord. Ver as observações de Maurice Lenoir no final do texto (em francês).


  3. ibne Caldune, Histoire des Berbères et des dynasties musulmanes de l'Afrique septentrional



Ligações externas |




O Commons possui uma categoria contendo imagens e outros ficheiros sobre Berberes



  • Televisão berbere (em francês). www.brtv.fr


  • Amazigh web (em francês). Cultura berbere e fotos (www.leschleuhs.com)


  • Portal Monde Berbere (em francês, inglês e berbere). www.mondeberbere.com



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