Montagem













































Montagem ou edição é um processo que consiste em selecionar, ordenar e ajustar os planos de um filme ou outro produto audiovisual a fim de alcançar o resultado desejado - seja em termos narrativos, informativos, dramáticos, visuais, experimentais, etc. Em geral, a montagem é realizada pelo montador, em um equipamento compatível com a tecnologia empregada na realização do produto, sob a supervisão do diretor ou, em alguns casos, do produtor [1].


Como é realizada após a filmagem, a montagem é um processo de pós-produção e durante muito tempo foi considerada como o único processo original do cinema, aquilo que tornaria o cinema uma arte ou uma linguagem diferenciada das demais. Hoje, no entanto, vários autores consideram que há muitas semelhanças entre a montagem e os processos de composição em outras formas artísticas, tais como a poesia ou o romance [2].




Índice






  • 1 Conceitos de montagem


    • 1.1 Montagem-habilidade


    • 1.2 Montagem-técnica


    • 1.3 Montagem-arte




  • 2 Edição de vídeo


  • 3 Trabalho de montagem


  • 4 Referências





Conceitos de montagem |


Montagem em cinema (e, por extensão, em qualquer meio audiovisual) pode ser entendida de três maneiras diferentes: como uma habilidade, como uma técnica e como uma arte) [3]



Montagem-habilidade |


Enquanto habilidade, a montagem pode ser descrita como uma série de procedimentos utilizados para arranjar as imagens e os sons de um filme, até que este tome a sua forma definitiva. O conjunto das habilidades necessárias para o processo de montagem varia muito quer se monte em filme, em vídeo ou em sistema digital.


Em filme, monta-se (ou montava-se) num aparelho chamado mesa de montagem (ou moviola), com o auxílio de uma coladeira, tesoura e fita adesiva [4]. O ato de montar um filme (do ponto de vista da habilidade) consiste em cortar pedaços do filme, selecioná-los, rearranjá-los e colá-los. O filme montado é um rearranjo de partes selecionadas do filme original (não-montado). A própria bitola do filme determina procedimentos mecânicos diferentes (e portanto uma habilidade diferente) na sua montagem: montar em 35 mm é diferente de montar em 16 mm ou super-8.


Em vídeo, monta-se (ou montava-se) num sistema chamado ilha de edição, que consiste em dois ou mais aparelhos de vídeo ligados a um controlador de edição [5]. O ato de montar (ou editar) um vídeo consiste em copiar trechos selecionados de uma fita para outra, dando-lhes um novo arranjo. O vídeo montado é uma cópia eletrônica de trechos selecionados e rearranjados do vídeo original (não montado). O próprio sistema de vídeo utilizado determina procedimentos mecânicos diferentes (e portanto uma habilidade diferente) na sua montagem: montar em VHS é diferente de montar em U-matic ou Betacam.


Em sistema digital, monta-se na memória de um computador, através de um programa de montagem. O ato de montar (ou compor) um filme ou vídeo em sistema digital consiste apenas em selecionar e rearranjar trechos dentro da memória do computador. O filme montado é uma projeção virtual (que não existe fisicamente em parte alguma) de trechos selecionados e rearranjados do filme original (não montado) [6]. O próprio programa utilizado determina procedimentos mecânicos diferentes (e portanto uma habilidade diferente) na montagem: montar em Final Cut Pro é diferente de montar em Avid ou em Premiere.


O responsável pela montagem-habilidade de um produto audiovisual é o operador do equipamento (mesa de montagem, ilha de edição, programa de computador).



Montagem-técnica |


Enquanto técnica, a montagem é um conjunto de regras, caminhos e atalhos (e até mesmo a possibilidade sempre aberta de modificar, atualizar e subverter essas regras) para obter o melhor resultado possível a partir de um material previamente filmado.


A técnica da montagem é a mesma quer se trate de filme, vídeo ou sistema digital, e independe da bitola do filme, do sistema de vídeo ou do programa de montagem utilizado. Se os botões a apertar são outros, se a maneira concreta de cortar não é a mesma, se o resultado físico final é diferente (um filme cortado e colado, uma cópia eletrônica, uma projeção virtual), tudo isto se refere à montagem-habilidade e não à montagem-técnica [7].


O responsável pela montagem-técnica de um produto audiovisual é o montador ou editor, que muitas vezes pode ser o próprio operador do equipamento, e portanto acumular as duas funções.



Montagem-arte |


Enquanto arte, a montagem diz respeito a uma concepção geral do filme, que começa no planejamento anterior à filmagem (decupagem), inclui a própria forma de filmar (a execução da decupagem) e a montagem propriamente dita.


A arte da montagem, evidentemente, é a mesma quer se trate de filme, vídeo ou sistema digital, e independe da bitola do filme, do sistema de vídeo ou do programa de montagem utilizado. No entanto, muitas vezes usam-se palavras diferentes: montagem para filme, edição para vídeo, composição para alguns programas digitais -ou, às vezes, montagem para a imagem, edição para o som. Na verdade, a única diferença real entre montagem e edição é que uma palavra vem do francês (montage) e a outra do inglês (edition), significando rigorosamente a mesma coisa: a habilidade, a técnica e a arte de colocar um produto audiovisual em sua forma definitiva, selecionando e rearranjando as imagens e os sons originalmente captados.


O responsável pela montagem-arte de um produto audiovisual é, em princípio, o diretor - embora, em algumas situações absolutamente industriais, o produtor assuma essa responsabilidade, em parte ou no todo.



Edição de vídeo |


Edição de vídeo é o processo de corte e montagem de imagens em movimento captadas por meio eletrônico vídeo e registradas na forma de imagem analógica (anteriormente) ou imagem digital (atualmente), que pode ocorrer na forma de edição linear ou edição não linear de imagem.



A edição é o ordenamento das imagens gravadas na sequência em que o vídeo será apresentado, pois em função de se otimizar o fluxo de trabalho durante as gravações estas nem sempre são feitas na ordem correta, além disto uma mesma cena é gravada diversas vezes eventualmente em ângulos diferentes, o que torna obrigatória uma ordenação, ou montagem posterior.






Frame-de-video2-quadro-fotograma



Anteriormente as imagens dos frames eram analógicas e atualmente são imagens digitais utilizadas dentro de programas de computador como o Adobe Premiere Pro, Windows Movie Maker, Avidemux, Blender, VirtualDubMod, Jahshaka etc, na edição de vídeos.



Conceitualmente a edição de vídeo consiste em decidir que tomadas usar e uní-las na sequência desejada seja ela cronológica ou não. O tempo e a ordem delas funciona como uma outra forma de narrativa visual, o ritmo do vídeo é dado principalmente pela edição. É também durante a edição que são inseridos efeitos especiais, trilhas sonoras, letreiros e eventualmente legendas.



A edição linear é feita com sistemas baseados em reprodutores e gravadores (sejam analógicos ou digitais) ligados entre si por um controlador de edição. Neste caso o acesso às imagens é sempre sequencial, ou seja, o editor precisa percorrer o que foi gravado, na sequência de captação, até acessar a cena ou tomada que lhe interessa para aí registrá-la no gravador. Este tipo de edição era feito com imagens captadas em fitas de vídeo: o editor avançava ou voltava as fitas nos reprodutores até achar o trecho desejado e aí o copiava em uma fita virgem; a próxima cena era gravada na sequência e assim por diante. Caso houvesse um erro, era possível gravar por cima; porém, se o tempo da nova cena fosse maior do que o da cena substituída (anteriormente existente), a edição deveria ser refeita, porque não se podia "empurrar" algo já gravado na fita.
Os controles de edição podiam ser programáveis e controlar diversas máquinas. Ainda existem ilhas de edição linear em uso, tanto no Brasil como em outras partes do mundo. Elas podem ser de vários sistemas de gravação, VHS, Super-VHS, Betamax, HI8, U-Matic e BetaCam,

Uma ilha de edição linear é composta de um ou mais videocassetes players - onde é colocada a fita de vídeo com a gravação original; um gravador, onde é colocada a fita a ser editada e um edit controller , que controla as duas (ou três, ou mais) máquinas. A fita contendo a edição final é chamada master.[8]

Já a edição não linear é feita com sistemas baseados em computadores onde as imagens são "capturadas", digitalizadas e divididas. Assim todo o processo é feito no ambiente digital o que permite o acesso instantâneo das imagens fora de qualquer sequência pré estabelecida, além disto a ordem das cenas editadas pode ser alterada pois as cenas escolhidas podem se "empurradas", sobrepostas ou apagadas facilmente.
A alimentação de um sistema não-linear pode também ser feito com imagens captadas em fitas, mas hoje em dia grande parte da captação das imagens em vídeo é feita com equipamentos digitais que armazenam as imagens em cartões de memória, HDs ou discos ópticos. A edição não-linear dá ao editor um maior controle do trabalho de montagem das imagens.

Uma ilha de edição não-linear básica é constituída de um computador, software de edição de imagens, software de edição de som, dois monitores de computador, um monitor-televisor, um videoteipe, além dos periféricos usuais (teclado, mouse, caixas de som).[9][10]

A conexão firewire transmite os dados do micro para o videoteipe e vice-versa, através da placa de captura (por exemplo, a Matrox). O material a ser editado é pré-visualizado pelo monitor de preview.

Podemos também pensar na edição de vídeo como algo além do simples corte de imagens e mais como um "recorte", que se faz de alguma realidade ou da história que se quer contar.



Trabalho de montagem |


Lembrando que a maioria dos filmes, principalmente de longa-metragem, são captados fora de ordem cronológica, o trabalho do montador será então o de compreender todo o roteiro do filme, ler as planilhas de produção (geralmente feitas pelo assistente de direção) e então, em um primeiro corte, colocar todos os planos em ordem da maneira como prevista pelo roteiro e eliminar planos errados ou que não devem ir para a versão final do filme. Em um segundo corte, ou seja após o filme estar em ordem cronológica da trama do roteiro, o montador, o assistente ou assistentes de montagem e o diretor, trabalham no afinamento do produto audiovisual, dando ritmo e outras características que o diretor vê necessárias.


Montadores experientes trabalham em parceria com os diretores, ou seja, não cumprem apenas ordem e não têm apenas conhecimentos técnicos: devem ter embasamento artístico para ajudar o diretor na escolha de melhores enquadramentos e seleção de sequências que devem ser cortadas ou adicionadas, assim como na duração de planos e cenas. Existem muitos livros sobre montagem cinematográfica. Um dos autores mais famosos nesta área é o cineasta russo Sergei Eisenstein que dirigiu filmes entre 1923 e 1945.


O trabalho de montagem de um filme é demorado, exige muita paciência, pois muitas vezes é na pós-produção que o assistente de montagem e o montador notam a falta de material ou erros de continuidade que devem ser resolvidos de alguma forma na hora da montagem. A equipe de produção geralmente está desmontada nessa fase e torna-se, por isso, inviável iniciar novamente a captação de material durante a pós-produção. O montador, para resolver possíveis problemas, deve usar os recursos de edição mais o material captado que lhe é disponibilizado. O montador e seu assistente podem também trabalhar em parceria com o continuista (anotador (pt)) para solucionar dúvidas de continuidade.



Referências




  1. AUMONT, Jacques e MARIE, Michel: "Dicionário teórico e crítico de cinema", ed. Papirus, 2003, pp. 195-197.


  2. ESCOREL, Eduardo: "(Des)importância da montagem", em: PUPPO, Eugênio (org.): "A montagem no cinema", ed. Heco Produções, 2006, pp. 20-23.


  3. DANCYGER, Ken: "Técnicas de edição para cinema e vídeo", ed. Elsevier, 2003, pp. VIII-IX.


  4. HOLLYN, Norman: "The film editing room handbook", ed. Lone Eagle, 1990, pp. 5-31, "Preliminaries".


  5. SANTOS, Rudi: "Manual de vídeo", ed. UFRJ, 1993, pp. 191-194.


  6. VELHO, João e NIGRO, Márcio: "Vídeo e áudio digital no Macintosh", ed. Bookmakers, 2002.


  7. MURCH, Walter: "Num piscar de olhos", ed. Jorge Zahar, 2001, pp. 49-56, "métodos e máquinas".


  8. Produção de Televisão - Um Tutorial sobre Produção em Estúdio e em Campo, por Ron Whittaker, Ph.D. (trad. Graça Barreiros, M.A. e Fernando José Garcia Moreira). Edição linear e não-linear


  9. Non-linear Editing: Demystified Arquivado em 10 de outubro de 2015, no Wayback Machine. Por Bob DiGregorio, Jr. 4 de janeiro de 1998


  10. «Como funcionam as ilhas de edição não-linear (AVID)». Consultado em 7 de maio de 2017. Arquivado do original em 22 de janeiro de 2016 








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