Iridaceae
Iridaceae | |||||||||||
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Flor e botões de Iris germanica, a espécie-tipo da família Iridaceae | |||||||||||
Classificação científica | |||||||||||
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Género-tipo | |||||||||||
Iris L. 1753 | |||||||||||
Subfamílias | |||||||||||
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Iridaceae é uma família de plantas monocotiledôneas da ordem Asparagales, segundo a classificação mais atual.[1] A família possui mais de 2000 espécies,[2] distribuídas por 66 gêneros das quais 190 aparecem no Brasil, sendo 107 endêmicas.[3] Pela classificação clássica, pertencia à ordem das Liliales.
Muitas espécies ornamentais fazem parte da família, conhecidas como Íris ou flor-de-lis, os Gladíolos, as Frésias e as Moreias.[4] No Brasil existem alguns representantes, como as Trimezia e Neomarica, conhecidos popularmente como lírios-da-praia ou íris-da-praia[5] e o alho-do-mato. Uma especiaria bastante utilizada no prato tipicamente espanhol, a paella, inclui a utilização dos estigmas desidratados das flores do açafrão, também uma Iridaceae.[6]
Índice
1 Taxonomia infrafamiliar
2 Etimologia
3 Características morfológicas
3.1 Folhas
3.2 Flores
3.3 Sementes
4 Distribuição geográfica
5 Adaptações/caracteres evolutivos
6 Reprodução
7 Importância econômica
8 Conservação
9 Potencial ornamental
10 Gêneros
11 Referências
Taxonomia infrafamiliar |
A classificação intrafamiliar de Iridaceae mais recente segue a proposta publicada por Goldblatt & Manning (2008).[7][2] Apenas a subfamília Iridoideae ocorre no Brasil.[8]
- Subfamília Isophysidoideae
- Subfamília Patersonioideae
- Subfamília Geosiridoideae
- Subfamília Aristeoideae
- Subfamília Nivenioideae
- Subfamília Crocoideae
- tribo Tritoniopsideae
- tribo Watsonieae
- tribo Gladioleae
- tribo Freesieae
- tribo Croceae
- Subfamília Iridoideae
- tribo Irideae
- tribo Trimezieae
- tribo Sisyrinchieae
- tribo Tigridieae
- tribo Diplarreneae
Etimologia |
Do grego íris (iridos) "arco íris", assim chamado pela variedade impressionante de cores que as flores apresentam no ambiente.
O nome da família deriva do gênero Iris, descrito por Carolus Linnaus, botânico sueco, fazendo referência a deusa grega Íris, que tinha o hábito de levar mensagens do Olimpo à Terra caminhando por cima do arco íris e levando suas cores na planta dos pés. A medida que pisava à terra deixava essas cores em forma de flores.
A maioria das flores da família Iridaceae possuem as cores do arco íris.
Características morfológicas |
Iridáceas são plantas perenifólias (permanecem com suas folhas verdes durante todas as estações do ano), ervas ou arbustos. Apresentam rizoma, cormo, bulbo ou caule lenhoso, neste último caso quando se trata das plantas arbustivas.
Folhas |
Folhas alternas, dispostas em forma de leque, basais ou caulinares, com lâmina unifacial e nervação paralela. Possuem bainha, que podem ser abertas ou fechadas.
Flores |
As flores são solitárias, bissexuais, protegidas por brácteas pediceladas. São perfeitas (apresentam androceu e gineceu), com simetria radial ou bilateral. Além de terem 6 tépalas, sendo as externas diferenciadas das internas, livres ou conatas, imbricadas e os petaloides as vezes com manchas. Apresentam 3 estames opostos às tépalas externas, com grão de pólen monossulcados.
O gineceu com 3 carpelos conatos; ovário frequentemente ínfero e com placentação axial, algumas espécies possuem ovário súpero; óvulos poucos a numerosos. Nectários podem estar ausentes, mas nas tépalas ou então nos septos do ovário.
Sementes |
As sementes do fruto podem ser ariladas ou possuírem testa carnosa.
Distribuição geográfica |
São encontrados no mundo cerca de 1.800 espécies de Iridáceas, sendo 150 aparentes no Brasil. Oitenta gêneros no mundo e 18 no Brasil.
Os registros mostram ocorrência da família em todos os continentes. Predominante e mais diversas em regiões áridas e montanhosas do sul do continente africano e altas terras das Américas Central e do Sul.
Membros da família Iridaceae crescem em solos graníticos, calcáricos, ricos em minerais e até salinos, como é o caso da Gladiolus gueinzii que ocorre na costa imediatamente acima da maré-alta, recebendo vestígios de água salgada.
No Brasil a maior parte dos representantes ocorrem em áreas sombreadas. Contudo em pleno sol, em campos rupestres, são facilmente encontrados Neomarica, Trimezia e Pseudotrimezia, os quais as flores bem vistosas abrem durante um ou poucos dias durante o ano.
Adaptações/caracteres evolutivos |
Apesar das características morfológicas colocarem a família dentro de Liliales, características de DNA a põem junto as Asparagales. Somando-se então as duas coisas, morfologia e DNA de cloroplasto, a família é englobada na Ordem Asparagales.
Com isso, levando em consideração análises cladísticas baseadas tanto na morfologia quanto nas sequências de RbcL (gene com baixa taxa de mutação, que codifica a subunidade maior da enzima oxigenase, de grande influência da fotorrespiração) afirmam a monofilia de família Iridaceae.
Reprodução |
Reproduzem-se vegetativamente, uma forma de reprodução assexuada. Se dá pela cisão do rizoma e em seguida brotamento da parte seccionada, gerando uma nova planta.
A polinização das flores se dão, principalmente por insetos (abelhas e moscas). As flores vermelhas ou alaranjadas, que apresentam uma concentração de néctar grande, são polinizadas por aves. Nas espécies com flores mais delicadas, as borboletas e traças são as responsáveis pela polinização.
Importância econômica |
A família traz um retorno econômico enorme para quem a cultiva. O gênero Gladiolus e algumas espécies do gênero Freesia são comercializadas mundialmente e usadas no paisagismo. Seis gêneros da Subfamília Crocoidae (Crocosmia , Crocus, Freesia, Gladiolus, Sparaxis e Watsonia) são considerados na horticultura mundial, como os mais importantes.
Os rizomas de certas espécies do gênero Iris (I. japonica Thunb., I. juncea Poir.,I. pseudacorus L. e I. albicans Lange) são utilizados pelo seu perfil aromático e terapêutico. O famoso açafrão é obtido a partir da extração dos estames/estigmas da espécies Crocus sativus L.. No gênero Trimezia algumas espécies servem para inflamações, diarreia e hemorragia.
Conservação |
Dentre as espécies ameaçadas de extinão, no Brasil, destacam-se a Pseudotrimezia elegans, Pseudotrimezia gracilis, Pseudotrimezia synandra, Pseudotrimezia tenuissima, Trimezia fistulosa var.fistulosa (Trimesia-chifre-de-bode), Trimezia fistulosa var. longifolia (Trimesia-chifre-de-bode) e Trimezia pusilla, todas encontradas no Cerrado.
Potencial ornamental |
A família possui um enorme número de plantas com flores vistosas, coloridas e chamativas nas quais dão a essa família um enorme potencial ornamental. Entre as espécies cultivadas para tal fim destacam-se a flor-leopardo (Belamcanda chinensis), a frésia (Freesia hybrida), a palma-de-santa-rita (Gladiolus hortulanus) e as íris ou flor-de-íris (Iris spp.). Porém poucas espécies nativas são cultivadas para a ornamentaria, a maior parte das que são utilizadas pertencem ao gênero Neomarica.
Gêneros |
- Acidanthera
- Ainea
- Alophia
- Anapalina
- Aristea
- Babiana
- Bobartia
- Calydorea
- Cardenanthus
- Chasmanthe
- Cipura
- Cobana
- Crocosmia
- Crocus
- Cyanixia
- Cypella
- Devia
- Dierama
- Dietes
- Diplarrena
- Duthiastrum
- Eleutherine
- Ennealophus
- Ferraria
- Freesia
- Geissorhiza
- Gelasine
- Geosiris
- Gladiolus
- Herbertia
- Hesperantha
- Hesperoxiphion
- Iridodictyum
- Iris
- Isophysis
- Ixia
- Juno
- Kelissa
- Klattia
- Lapeirousia
- Larentia
- Lethia
- Libertia
- Mastigostyla
- Melasphaerula
- Micranthus
- Moraea
- Nemastylis
- Neomarica
- Nivenia
- Oenostachys
- Olsynium
- Onira
- Orthrosanthus
- Patersonia
- Phalocallis
- Pillansia
- Pseudotrimezia
- Radinosiphon
- Romulea
- Salpingostylis
- Savannosiphon
- Sessilanthera
- Siphonostylis
- Sisyrinchium
- Solenomelus
- Sparaxis
- Synnotia
- Syringodea
- Tapeina
- Tapeinia
- Thereianthus
- Tigridia
- Trimezia
- Tritonia
- Tritoniopsis
- Watsonia
- Witsenia
- Xenoscapa
- Zygotritonia
- Genêros nativos do Brasil:
- Alophia (=Sphenostigma)
- Calydorea
- Cipura
- Cypella
- Eleutherine
- Ennealophus
- Gelasine
- Herbertia (=Sympa)
- Kelissa
- Larentia
- Lethia
- Neomarica
- Onira
- Phalocallis
- Pseudiris
- Pseudotrimezia
- Sisyrinchium
- Trimezia (=Anomalostyls)
- Genêros introduzidos no Brasil:
- Acidanthera
- Anomatheca
- Babiana (=Antholyza)
- Belamcanda
- Crocosmia
- Dietes
- Freesia
- Gladiolus
- Iris
- Ixia
- Lapeirousia
- Sparaxis
- Tigridia
- Tritonia
- Watsonia
Referências |
- Lista Oficial das Espécies da Flora do Brasileira Ameaçadas de Extinção [1]
- COI Coimbra Herbarium [2]
- ALVES, L.I.F. 2008. CITOGENÉTICA DE ESPÉCIES DE IRIDACEAE OCORRENTES NO NORDESTE DO BRASIL [3]
- DIAS, E. B. A. 2010. IRIDACEAE JUSS. NO DISTRITO FEDERAL, BRASIL
- GIULIETTI, A.M. 2005. Biodiversidade e conservação das plantas no Brasil. MEGADIVERSIDADE. Volume 1 Nº 1
- GOLDBLATT & MANNING. 2008. The Iris family: Natural History and Classification. Timber Press, Portland. 290 páginas.
- JUDD. CAMPBELL. KELLOGG.STEVENS. 2009. Sistemática Vegetal Um enfoque Filogenético 3°ed. Editora Artmed. 612 páginas
- RI, L.D. 2012. Taxonomia das espécies sul-americanas de Calydorea Herbert (Iridaceae) e caracterização por DNA "barcode"
- SOUZA, V.C. LORENZI, H. 2009. BOTÂNICA SISTEMÁTICA Guia ilustrado para identificação das famílias de fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado em APG III. 3°ed. Editora Plantarum. 768 paginas
- TAKEUCHI, C. AFFONSO, P. CHUKR, N.S. Levantamento de Iridaceae Juss. No Núcleo Curucutu, Parque Estadual da Serra do Mar, São Paulo.
↑ Chase, Mark W.; Fay, Michael F.
Reveal, James L.
Soltis, Douglas E.
Soltis, Pamela S.
Stevens, Peter F.
Anderberg, Arne A.
Moore, Michael J.
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Rudall, Paula J.
Kenneth, J. «An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG III» (PDF). Botanical Journal of the Linnean Society. doi:10.1111/j.1095-8339.2009.00996.x. Consultado em 2 de março de 2015 A referência emprega parâmetros obsoletos|coautores=
(ajuda); line feed character character in|coautores=
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↑ ab Goldblatt, Peter; Manning, John C. (2008). The Iris Family. Natural History and Classification. Portland, USA: Timber Press. 290 páginas. ISBN 978-0-88192-897-6
↑ Eggers, Lilian; André Gil; Juliana Lovo; Nádia Chukr. «Iridaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil». Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Consultado em 2 de março de 2015 A referência emprega parâmetros obsoletos|coautores=
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↑ Lorenzi, Henri; Souza, Hermes Moreira de (1995). Plantas ornamentais do Brasil. Nova Odessa/SP: Editora Plantarum
↑ Raquel Patro (1 de fevereiro de 2014). «Íris-da-praia – Neomarica candida». Jardineiro.net. Consultado em 2 de março de 2015
↑ Pedro Frade (12 de outubro de 2012). «A História da Paella e as tradições de um dos mais famosos pratos do mundo». Petit Gastrô. Consultado em 2 de março de 2015
↑ Goldblatt, Peter; Rodriguez, Aaron
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Davies, T. Jonathan
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(ajuda); line feed character character in|coautores=
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↑ Goldblatt, Peter; Le Thomas, Annick. (1992). «Pollen apertures, exine sculpturing and phylogeny in Iridaceae subfamily Iridoideae». Review of Palaeobotany and Palynology. 75: 301-315. Consultado em 3 de março de 2015 A referência emprega parâmetros obsoletos|coautores=
(ajuda)