Tema Cibirreota
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O Tema Cibirreota, mais corretamente chamado de Tema dos Cibirreotas (em grego: θέμα Κιβυρραιωτῶν; transl.: Théma Kivyrraiotón) foi um tema (província civil-militar) bizantina que abrangia a costa sul da Ásia Menor a partir do século VIII até o final do século XII. Como o primeiro e mais importante tema naval do Império Bizantino, sua função principal era prover navios e tripulações para a marinha bizantina.
Índice
1 História
2 Abrangência e organização
3 Últimos anos
4 Referências
5 Bibliografia
História |
Os cibirreotas (em grego: - "homens de Cibirra") derivam seu nome da cidade de Cibira (é incerto se seria Cibira Maior na Cária ou a Cibira Menor na Panfília). O comando aparece pela primeira vez na expedição contra Cartago em 698, quando um "drungário dos cibirreotas" liderou os homens de Córico: Apsímaro, que à frente de uma revolta da frota, se tornaria o imperador bizantino Tibério III (r. 698–705). Na época, os cibirreotas eram subordinados ao grande corpo naval dos carabisianos.[1][2][3][4]
Quando os carabisianos foram dispersados (a data exata é disputada, tendo ocorrido entre c. 719-20 e ca. 727), os cibirreotas foram organizados como um tema regular, com seu estratego atestado pela primeira vez em 731-32.[1][3][5][6] Até o século IX, quando os temas do Mar Egeu e o Samos foram elevados do nível de comando de drungário para estratego, o Tema Cibirreota foi o único tema unicamente naval do império.[7][8]
Abrangência e organização |
O tema abrangia a costa sul da Ásia Menor a partir do sul de Mileto (que pertencia ao Tema Tracesiano) até os confins da fronteira com os árabes na Cilícia, incluindo as antigas províncias romanas da Cária, Lícia, Panfília e partes da região da Isáuria, além da moderna região do Dodecaneso[2][9][10] Sua posição geográfica o transformou na "linha de frente" para enfrentar as frotas árabes do Levante e do Egito e, consequentemente, os cibirreotas tiveram um importante papel nas batalhas navais das guerras bizantino-árabes.[11] Já os territórios, conhecidos por sua fertilidade,[1] sofreram com frequentes e devastadores raides árabes, que praticamente despopularam a região, com exceção das cidades fortificadas e as bases navais.[2]
A capital do estratego era provavelmente Antália.[10][12] Ele tinha um salário anual de cinco quilos de ouro e sua posição geral na hierarquia imperial era relativamente baixa, mas ainda sênior em relação aos demais comandantes navais: vigésima-quinta no Taktikon Uspensky de 842-43, caindo para quinquagésimo-quinto no Escorial Taktikon de 971-75[2][13] Assim como seus contrapartes, o Tema Cibirreota era dividido em drungos e turmas e possuía toda a gama de posições administrativas típicas. Entre os mais importantes subordinados do estratego estava o ek prosopou imperial em Silião, os drungários de Antália e Cós e o catepano que comandava os mardaítas do tema.[2][14] Eram os descendentes dos milhares de prisioneiros transplantados do Líbano e assentados na região por Justiniano II (r. 685-695 e 705-711) na década de 680 para prover tripulações e fuzileiros para a frota.[15] No início do século IX, a frota do cibirreotas tinha 70 navios[16] e na expedição contra o Emirado de Creta de 911, o tema enviou 31 naus - 15 grandes dromons e 16 pânfilos de tamanho médio - com 6 000 remadores e 760 soldados.[17]
Últimos anos |
Por volta da metade do século XI, conforme a ameaça naval muçulmana diminuía, as frotas provinciais bizantinas iniciaram um forte declínio:[18] a frota dos cibirreotas foi mencionada pela última vez na defesa contra um raide dos rus' em 1043 e o tema se tornou uma província puramente civil, governada por um krites e, posteriormente, por um duque[2][19] A maior parte do território foi perdida para os turcos seljúcidas após a derrota na Batalha de Manziquerta (1071), mas recuperado parcialmente sob Aleixo I Comneno (r. 1081–1118). O já combalido tema foi finalmente abolido por Manuel I Comneno (r. 1143–1180) e o território remanescente na Cária foi subordinado ao Tema de Milasa e Melanúdio.[20][21]
Referências
↑ abc Nesbitt 1994, p. 151.
↑ abcdef Kazhdan 1991, p. 1127.
↑ ab Pertusi 1952, p. 149.
↑ Pryor 2006, p. 28.
↑ Ahrweiler 1966, p. 26, 50–51.
↑ Pryor 2006, p. 32.
↑ Ahrweiler 1966, p. 64; 81; 83; 109.
↑ Pryor 2006, p. 267.
↑ Ahrweiler 1966, p. 80, 135.
↑ ab Pertusi 1952, p. 150.
↑ Pryor 2006, p. 46ff.
↑ Ahrweiler 1966, p. 82.
↑ Pryor 2006, p. 390–391.
↑ Ahrweiler 1966, p. 82–83.
↑ Ahrweiler 1966, p. 399.
↑ Ahrweiler 1966, p. 91–92.
↑ Pryor 2006, p. 549.
↑ Pryor 2006, p. 88.
↑ Ahrweiler 1966, p. 131–135.
↑ Kazhdan 1991, p. 1127; 2048.
↑ Ahrweiler 1966, p. 273.
Bibliografia |
Ahrweiler, Hélène (1966). Byzance et la Mer: La Marine de Guerre, la Politique et les Institutiones Maritimes de Byzance aux VIIe–XVe Siècles (em francês). Paris: Presses universitaires de France
Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8
Nesbitt, John W.; Nicolas Oikonomides (1994). Catalogue of Byzantine Seals at Dumbarton Oaks and in the Fogg Museum of Art. Volume 2: South of the Balkans, the Islands, South of Asia Minor (em inglês). Washington D. C.: Dumbarton Oaks Research Library and Collection. ISBN 0-88402-226-9 A referência emprega parâmetros obsoletos|coautor=
(ajuda)
Pertusi, A. (1952). Constantino Porfirogenito: De Thematibus (em italiano). Roma: Biblioteca Apostolica Vaticana
Pryor, John H.; Elizabeth M. Jeffreys (2006). The Age of the ΔΡΟΜΩΝ: The Byzantine Navy ca. 500–1204 (em inglês). Leiden e Boston: Brill Academic Publishers. ISBN 978-90-04-15197-0 A referência emprega parâmetros obsoletos|coautor=
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