Língua castelhana
Castelhano ou espanhol (Castellano o español) | ||
---|---|---|
Falado em: | (veja abaixo) | |
Total de falantes: | 406 milhões nativos[1][2] 110 milhões como segunda língua Mais de 500 milhões no total[3] | |
Posição: | 2 | |
Família: | Indo-europeia Itálica Românica Ítalo-ocidental Românica ocidental Galo-ibérica Ibero-românica Ibero-ocidental Castelhano ou espanhol | |
Escrita: | Alfabeto latino | |
Estatuto oficial | ||
Língua oficial de: | 22 países
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Códigos de língua | ||
ISO 639-1: | es | |
ISO 639-2: | spa | |
Distribuição da língua espanhola:
|
O castelhano (castellano) ou espanhol (español) é uma língua românica ocidental do grupo ibero-românico que evoluiu a partir de vários dialetos do latim falados no centro-norte da Península Ibérica por volta do século IX.[5] Gradualmente, espalhou-se com a expansão do Reino de Castela (presente no norte da Espanha) para o centro e o sul da Península Ibérica durante a Idade Média.
A transição do espanhol medieval para o moderno foi marcada pela mudança e pelo ensurdecimento das consoantes sibilantes da língua antiga, que começaram no século XV. No início da sua história, o vocabulário espanhol foi enriquecido pelo seu contato com o basco e o árabe e a língua continua a adotar palavras estrangeiras a partir de uma variedade de outras línguas, bem como o desenvolvimento de novas palavras. O espanhol foi trazido principalmente para a América, bem como a África e a Ásia-Pacífico, com a expansão do Império Espanhol entre os séculos XV e XIX, onde se tornou a língua mais importante para o governo e o comércio.[6]
Em 1999, havia, de acordo com o Ethnologue, 358 milhões de pessoas que falavam o espanhol como língua nativa e um total de 417 milhões de falantes em todo o mundo.[7] Atualmente, esses valores são de até 400[8][9] e 500 milhões de pessoas, respectivamente.[3] O espanhol é o segundo idioma mais falado no mundo, depois do mandarim.[10] O México contém a maior população de falantes do idioma. O espanhol é uma das seis línguas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU)[11] e é usado como língua oficial da União Europeia, do Mercosul e da União de Nações Sul-Americanas (UNASUL).
Devido à sua crescente presença na demografia e na cultura popular dos Estados Unidos, especialmente nos estados de rápido crescimento do Cinturão do Sol, o espanhol é a segunda língua mais aprendida por falantes nativos do inglês. A crescente estabilidade política e econômica de muitas das maiores nações hispanófonas, a imensa extensão geográfica da língua na América Latina e Europa para o turismo e a popularidade crescente de destinos culturalmente vibrantes encontrados no mundo hispânico têm contribuído significativamente para o crescimento da aprendizagem de espanhol como língua estrangeira em todo o mundo. Atualmente, o espanhol é a terceira língua mais usada na internet depois do inglês e do mandarim. É também a segunda língua mais estudada e a segunda língua da comunicação internacional, depois de inglês, em todo o mundo.[12][13][14]
Índice
1 História
1.1 Latim vulgar
1.2 Glosas medievais
1.3 Árabe
1.4 Primeira gramática moderna europeia
2 Distribuição geográfica
3 Dialetos
3.1 Espanhol Ibérico
3.2 Variedades do Espanhol
4 Línguas derivadas
5 Diferenças
5.1 Glossário
6 Fonologia
6.1 Vogais
7 Gramática
7.1 Verbo
7.2 Verbos regulares
8 Vocabulário
9 Sistema de escrita
10 Referências
11 Ver também
12 Ligações externas
História
A língua castelhana é o idioma da Espanha, e da maioria dos países da América Latina (excepto Brasil, Belize, Haiti, Guianas e várias ilhas caribenhas), das Filipinas, na Ásia, e da Guiné Equatorial, na África. Conta com cerca de duzentos e cinquenta milhões de falantes. Também é chamada de "castelhano", nome da comunidade linguística (Castela) que lhe deu origem nos tempos medievais. Na Espanha, também são falados o catalão, o asturiano, o aragonês e o galego (idiomas de tronco românico), e o basco, uma língua cujas origens ainda são estudadas.
Na formação do castelhano/espanhol, podem-se distinguir três períodos: o medieval ou castelhano antigo (dos séculos X ao XV), o espanhol moderno (entre os séculos XVI e XVII) e o contemporâneo, que vai da fundação da Real Academia Espanhola até nossos dias.
Apesar de ser um idioma falado em regiões tão distantes, a ortografia e as normas gramaticais asseguram a integridade da língua, daí a colaboração entre as diversas Academias da Língua de Espanha e as dos países americanos no intuito de preservar esta unidade. Espanha elaborou o primeiro método unitário de ensino do idioma que é difundido por todo o mundo através do Instituto Cervantes.
Latim vulgar
Como disse Menéndez Pidal: "a base do idioma é o latim popular, propagado na Espanha a partir do final do século III a.C. até se impor às línguas ibéricas". Entre os séculos III e VI, a língua que evoluía em Espanha assimilou germanismos através do latim falado pelos povos bárbaros romanizados que invadiram a Península. Com o domínio muçulmano de oito séculos, a influência do árabe — idioma dos conquistadores berberes — foi decisiva na configuração das línguas ibéricas, entre as quais se incluem o castelhano/espanhol e o português.
Glosas medievais
O nome da língua procede da terra dos castelos, Castela. A esta época, pertencem as Glosas Silenses e as Emilianenses, do século X, anotações em romance dos textos latinos no Monastério de Yuso (San Millán de la Cogolla), centro medieval de cultura, mas a mais antiga referência ao idioma vem do Cartulário de Valpuesta, nos primeiros anos do século IX.
O primeiro passo para converter o castelhano em língua oficial do reino de Castela e Leão foi dado por Afonso X. Foi ele quem mandou compor em romance, e não em latim, as grandes obras históricas, astronômicas e legais. O castelhano era a língua dos documentos notários e da Bíblia traduzida sob as ordens de Afonso X. Graças ao Caminho de Santiago, entraram, na língua, escassos galicismos que foram propagados pela ação dos trovadores da poesia cortesã e provençal.
Árabe
No sul, sob domínio árabe, as comunidades hispânicas que conviviam com as comunidades judaica e árabe falavam moçárabe. Esta é a língua na qual foram escritos os primeiros poemas, as Jarchas, que conservam uma forma estrófica de clara origem semítica, a moasajas.
Em quase oito séculos de interação (711-1492), os povos falantes de Árabe deixaram, no castelhano, um abundante vocabulário de cerca de quatro mil termos. Com o tempo, alguns foram caindo em desuso, mas há muitas palavras de uso comum como tambor, adobe, alfombra, zanahoria, almohada e muitas outras, e a expressão ojalá, como no português "oxalá", que significa "queira Deus" (literalmente: "queira Alá"). Cabe assinalar que penetrou, na gramática castelhana, a preposição árabe hatta (حتى), que se converteu na preposição espanhola hasta e na preposição portuguesa até.
Primeira gramática moderna europeia
A publicação da primeira auto-denominada "gramática castelhana", escrita por Elio Antonio de Nebrija em 1492,[15] ano do descobrimento da América pelos europeus, estabelece o marco inicial da segunda etapa de conformação e consolidação do idioma. O castelhano adquire grande quantidade de neologismos, pois o momento coincidiu com a expansão da Coroa de Castela que, pela força política, conseguiu consolidar seu dialeto como língua dominante. O castelhano é a língua dos documentos legais, da política externa e a que chega à América pela mão da grande empreitada realizada pela Coroa de Castela. Nesta mesma época, os judeus sefarditas foram expulsos de Castela e Aragão em 1492 e de Portugal em 1496,[16] levando consigo a fala que daria lugar ao ladino, uma língua que, ouvida, parece castelhano.
Num primeiro momento, os realistas não mostraram interesse em difundir a língua castelhana na América e nas Filipinas, realizando-se a evangelização nas línguas nativas.
Na França, Itália e Inglaterra são editados gramáticas e dicionários para o ensino do castelhano/espanhol, que ganha o status de língua diplomática até a primeira metade do século XVIII. O léxico incorporou palavras originárias de tantas línguas quantos contatos políticos possuía o Império: italianismos, galicismos e americanismos.
No ano 1713, fundou-se a Real Academia Espanhola. Como primeira tarefa, a Academia fixou as mudanças feitas pelos falantes do idioma, o que permitiu grande variedade de estilos literários: da liberdade das alterações sintáticas do barroco, no século XVII, às contribuições dos poetas da geração de 1927. Publica entre 1726 e 1739 os diversos tomos do "Dicionário da língua castelhana"[17] e a sua primeira "Gramática da língua castelhana" em 1771. [18]
No primeiro terço do século XX, apareceram novas modificações gramaticais que, ainda hoje, estão em processo de assentamento. Paralelamente, é contínua a criação de neologismos provenientes das inovações técnicas e dos avanços científicos.
No século XIX, os Estados Unidos adquirem a Luisiana de França e a Flórida de Espanha, e conquistam do México os territórios que actualmente formam o Arizona, Califórnia, Colorado, Nevada, Novo México, Texas, Utah e Wyoming. Desta forma, o castelhano passou a ser uma das línguas dos Estados Unidos, ainda que estas variedades primitivas só sobrevivam até o início do século XXI em Paróquia de St. Bernard e uma faixa que se estende do norte do Novo México ao sul de Colorado.
Depois da guerra hispano-americana de 1898, os Estados Unidos apoderaram-se também de Cuba, Porto Rico, Filipinas e Guam. No arquipélago asiático, os Estados Unidos impuseram um sistema de ensino para substituir o castelhano pelo inglês como veículo de comunicação dos filipinos.
No século XX, milhões de mexicanos, cubanos e porto-riquenhos emigraram para os Estados Unidos, convertendo-se na minoria mais numerosa do país: 34 207 000 pessoas, em novembro de 2001.
A Constituição espanhola de 1931 e a Constituição espanhola de 1978, as únicas que versam o tema linguístico, explicitam o idioma oficial do Estado como castelhano. [19]
Distribuição geográfica
Ver artigos principais: Distribuição geográfica da língua espanhola e Hispanofonia
Enquanto na lista mundial de línguas mais faladas figure na segunda, terceira ou quarta posição segundo a fonte consultada (os censos da Índia e América do Sul variam muito segundo o organismo consultado), o que fica claro é que em importância ocupa a segunda posição atrás do inglês, com quase quatrocentos milhões de falantes nativos.
Embora o castelhano seja uma língua principalmente americana, é falada nos seis "continentes", embora em alguns de forma quase residual:
- É oficial nos seguintes países:
Argentina
Bolívia
Chile
Colômbia
Costa Rica
Cuba
Equador
Espanha
El Salvador
Guatemala
Guiné Equatorial
Honduras
México
Nicarágua
Panamá
Paraguai
Peru
Porto Rico
República Dominicana
Uruguai
Venezuela
- mas sua presença também é importante em
Belize
Estados Unidos
África: Canárias, Ceuta, Melilha, Guiné Equatorial, Saara Ocidental. Em 11 de julho de 2001, o espanhol (castelhano) foi declarado uma das línguas oficiais da Organização da Unidade Africana (OUA), junto com o árabe, francês, inglês, português e kiSwahili.
Europa: é oficial na Espanha e se fala também em Andorra e Gibraltar. Núcleos de imigrantes na Alemanha, França, Itália, República Checa e Suíça. É uma das línguas oficiais da União Europeia.
Oceania: Ilha da Páscoa (Chile), núcleos de imigrantes na Austrália, Filipinas.
Também é uma das seis línguas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU).[11]
País | Número de falantes |
---|---|
México | 106 682 500[20] |
Espanha | 46 063 511[21] |
Colômbia | 44 500 000[22] |
Estados Unidos | 37 400 000 (Census Bureau) [23] |
Argentina | 39 745 613[24] |
Peru | 28 750 770[25] |
Venezuela | ~27 000 000 |
Chile | 16 763 470[26] |
Equador | 13 363 593[27] |
Guatemala | 13 354 000[28] |
Cuba | 11 286 000 |
Bolívia | 10 027 643[29] |
República Dominicana | 9 760 000[30] |
Honduras | 7 146 118 |
El Salvador | 6 992 000 |
Nicarágua | 5 603 000[31] |
Costa Rica | 4 468 000[31] |
Paraguai | 6 127 000[31] |
Porto Rico | 3 991 000[31] |
Uruguai | 3 341 000[31] |
Panamá | 3 343 000[31] |
Guiné Equatorial | 1 137 143[32] |
Canadá | 1 000 000[33] |
França | 440 106[34] |
Brasil | 409 564[35] |
Alemanha | 140 000[36] |
Israel | 130 000[37] |
Suíça | 123 000[38] |
Reino Unido | 107 654[39] |
Belize | 106 795[40] |
Austrália | 106 517[41] |
Suécia | 101 472[42] |
Itália | 89 905[43] |
Bélgica | 85 990[44] |
Japão | 76 565[45] |
Andorra | 41 644[46] |
Nova Zelândia | 21 645[47] |
Marrocos | 20 000[48] |
Países Baixos | 19 978[49] |
Ilhas Virgens Americanas | 16 788 |
Noruega | 12 573[50] |
Portugal | 9 744[51] |
Jamaica | 8 000 |
Trinidad e Tobago | 4 100 |
Rússia | 3 320 |
Luxemburgo | 3 000 |
Filipinas | 2 658[52] |
Argélia | 379[53] |
Dialetos
Espanhol Ibérico
A língua Espanhola tem vários dialectos. Relativamente ao Castelhano, isto é, o Espanhol Ibérico, originalmente do Reino de Castela, podemos dividir Espanha ao meio, isto é, existe um feixe de isoglossas que divide o Espanhol Peninsular em dois grupos, os dialecto centro-nortenhos e os dialectos meridionais. Os dialectos centro-nortenhos têm características mais conservadoras e os dialectos meridionais, nos quais podemos incluir um grande sub-dialecto, o andaluz, têm características mais inovadoras. Convém realçar que os dialectos centro-nortenhos peninsulares são a única variedade do Espanhol que conserva a distinção entre /s/ (grafado como <s>) e /θ/ (grafado como <c>), isto é, «ceseo». Enquanto que todas as outras variedades são ou «seseantes» ou «ceceantes». «Seseo», isto é a perda da distinção fonética entre /s/ e /θ/ a favor de /s/. «Ceceo» é a perda da distinção fonética a favor da fricativa inter-dental /θ/, sendo este estigmatizado e marginalizado pelo resto da comunidade espanhola e até mesmo pelos próprios falantes «ceceantes». Este fenómeno de «ceceo» encontra-se apenas em zonas rurais do sul da Andaluzia, sendo nos meios urbanos evitado pelos próprios «ceceantes». O «seseo» é um fenómeno do norte da Andaluzia, que é encontrado em todos os países da América Latina. Nesta região do «seseo» encontra-se Sevilha, cidade da qual saíram as pessoas destinadas à repovoação e colonização do continente americano, levando assim o «seseo» com eles para a América, onde prevalece até hoje.[54]
Variedades do Espanhol
- Dialeto andaluz
- Dialeto canário
- Dialeto churro
- Dialeto murciano
- Dialeto extremenho
- Espanhol amazônico
- Espanhol andino
- Espanhol boliviano
Espanhol caribenho
- Espanhol cubano
- Espanhol dominicano
- Espanhol portorriquenho
- Espanhol centro-americano
- Espanhol chileno
- Espanhol colombiano central
- Espanhol colombiano-equatoriano ribeirinho
Espanhol mexicano
- Espanhol mexicano setentrional
- Espanhol mexicano meridional
- Espanhol peruano ribeirinho
Espanhol venezuelano
- Espanhol venezuelano central
- Espanhol venezuelano guaro-maracucho
- Espanhol rioplatense
- Espanhol da Guiné Equatorial
- Espanhol das Filipinas
- Espanhol neotradicional
Línguas derivadas
Entre as línguas crioulas e outras línguas derivadas desta língua, se podem citar o ladino e o chabacano: este último, falado em algumas localidades das Filipinas.
Diferenças
Castelhano da Espanha | Castelhano da América Latina | Tradução ao Português |
---|---|---|
acera | vereda (Arg.) / banqueta (Mex.) / andén (Col.) | calçada, passeio |
aguacate | palta / aguacate | abacate |
alquilar, arrendar, rentar | rentar (Mex.) / arrendar (Col.) | alugar, arrendar |
alquiler, arriendo | renta (Mex.) / arriendo (Col. e Chile) | aluguel, aluguer ou renda (em Portugal) |
apresurar, apurar | apurar | apressar |
arcén | banquina (Arg. Parag. e Urug.) | acostamento, berma da estrada |
ascensor | elevador / ascensor (Col.) | elevador |
calabaza | zapallo / ayote (Nic. Cost. Rica e Guat.)[55] / calabaza (Col. e Méx.) | abóbora |
calabacín | calabacita (Méx) / calabacín (Col.) / zapallitos (Parag. Chil. Arg. e Urug.) | abobrinha, courgette |
coche (automóvil) | auto / carro / coche (automóvil) | carro (automóvel) |
coger, agarrar, sujetar, tomar | tomar (Méx.) / agarrar (Arg. Chile e Urug. / sujetar / coger (Col. Per. Ec. Cuba e PR) | pegar, segurar |
chaval, mozo | chavo (Méx.) / pibe (Arg.) / chino, niño, muchacho (Col.) | rapaz, garoto, menino, moço, miúdo, chavalo (em Portugal) |
chófer, conductor | conductor / chofer | motorista, condutor, chofer |
eh / ey / oye | che (Arg.) / oye / eh | ei / aê / aí |
judías, frejoles | frijoles, porotos (Arg. e Chile.) | feijão |
mejilla | cachete | bochecha |
móvil (teléfono), celular | celular (teléfono) | celular (telefone), telemóvel |
ordenador, computadora, computador | computadora / computador | computador |
Papá Noel, Santa Claus | Santa Claus (Méx e Amér. Central) / Viejito Pascuero (Chile) / Papá Noel (Col.) | Papai Noel, Pai Natal |
prisa | apuro | pressa |
puchero, olla, pote | olla | panela |
vídeo | video | vídeo |
zapatillas (deportivas), tenis | tenis / zapatillas | tênis (Brasil), ténis (calçado), sapatilhas (em Portugal) |
Glossário
- Amér. Central = América Central
- Arg. = Argentina
- Méx. = México
- Urug. = Uruguai
- Col. = Colômbia
Fonologia
Tem semelhanças com o português. Contudo, existem diferenças, sendo as principais: ("letra castelhana/espanhola" = "letra portuguesa") ⟨ll⟩ = ⟨lh⟩, ⟨ñ⟩ = ⟨nh⟩, ⟨ch⟩ = ⟨tch⟩, ⟨b⟩ e ⟨v⟩ = ⟨b⟩, ⟨x⟩ = /ks/ (nem sempre, como em México, que soa como méjico). Não há, no espanhol moderno, o som da letra X como em xadrez (até o século XVII, a letra ⟨x⟩ representava o som de /ʃ/, como em Quixote, mas, depois do reajuste das consoantes silábicas, o som /ʃ/ (grafado ⟨x⟩), se transformou em /x/ (grafado ⟨j⟩). As letras ⟨k⟩ (/k/), ⟨w⟩ (/b/ em palavras de origem alemã e /(ɡ)w/ em de origem inglesa) e ⟨y⟩ (/i/) fazem parte do alfabeto castelhano/espanhol. Além disso, o i grego pode ser consoante ou vogal, quando consoante tem um som mais forte /ʝ/ ou /d͡ʒ/. O "J" é um caso à parte: tem um som inexistente em português (o som que chega mais perto é o do R forte brasileiro e dalgumas zonas de Portugal - como em carro). O som correspondente ao ⟨j⟩ português é representado por ⟨ll⟩ no espanhol pratino, e inexistente noutros dialectos. Fora isso não há acentos graves, til (Ñ não conta) ou circunflexo. Assim como no português ge = je e gi = ji, e também há o gue e gui, a letra Q segue o mesmo esquema (que = ke, qui = ki) e também há trema. Em castelhano/espanhol o costume é encerrar palavra com N e não com M. O Ç apesar de ter nascido do castelhano/espanhol foi abolido no século XVIII, tal como o SS. Já RR existe no castelhano/espanhol e usa-se da mesma forma que no português. Vale ressaltar que a pronúncia é de 'dois erres', ou seja, /r/,/r/, e não de /ř/ como em carro /kařo/. O Z e o C, este último antes de E ou I, em Espanha pronunciam-se de forma similar ao ⟨th⟩ /θ/ inglês em think ou something ou a θ (theta) grega.
Labial | Dental | Alveolar | Palatal | Velar | |||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Nasal | m | n | ɲ | ||||||
Oclusiva | p | b | t | d | tʃ | ʝ | k | ɡ | |
Continuante | f | θ1 | s | x | |||||
Vibrante múltipla | r | ||||||||
Vibrante simples | ɾ | ||||||||
Lateral | l | ʎ2 |
Notas:
↑1 Falantes do norte e do centro da Espanha, incluindo a variante predominante na rádio e na televisão distinguem /θ/ e /s/ (distinción). Porém, falantes de América Latina e de algumas partes do sul da Espanha só têm /s/ (seseo) e não o /θ/ (ceceo).
↑2 O fonema /ʎ/ (distinto de /ʝ/) só é distinguido em algumas áreas do espanhol peninsular (sobre tudo no norte e em áreas rurais), e em algumas áreas de América do Sul. Este fenómeno é conhecido como yeísmo (indistinção de ll e y).
Vogais
Anterior | Central | Posterior | |
---|---|---|---|
Fechada | i | u | |
Média | e̞ | o̞ | |
Aberta | ä |
Gramática
Verbo
Os verbos se dividem em três conjugações, que podem ser identificadas segundo as duas últimas letras do infinitivo: -ar, -er ou -ir.
Os verbos conjugam-se em quatro modos verbais: indicativo, subjuntivo, imperativo e potencial. Ainda, existem três formas impessoais: infinitivo, gerúndio e particípio, que entram na composição dos verbos compostos e perífrases verbais.
Os tempos verbais podem ser simples ou compostos. Para cada tempo simples há um que é composto, que se forma antepondo o tempo simples correspondente do verbo "haber" ao particípio do verbo que se está a conjugar.
Indicativo
tempos simples
Presente - por exemplo, "(yo) hablo"
Pretérito imperfecto - "hablaba"
Pretérito perfecto simple ou pretérito indefinido - "hablé"
Futuro - "hablaré"
Condicional - "hablaría"
tempos compostos:
Pretérito perfecto compuesto - "he hablado"
Pretérito pluscuamperfecto - "había hablado"
Pretérito anterior - "hube hablado"
Futuro compuesto - "habré hablado"
Condicional compuesto - "habría hablado"
O pretérito anterior é pouco usado.
Há situações onde se emprega o futuro para expressar dúvida, substituindo-se, assim, o tempo Presente: "serán las tres": "serão umas três [horas]". O português também apresenta esta caraterística, como mostrado na seguinte frase: "O que estará ele a fazer?", que significa "O que está ele a fazer?"
Subjuntivo / Conjuntivo
tempos simples
Presente - "yo hable"
Pretérito imperfecto - "hablara" ou "hablase"
Futuro - "hablare"
tempos compostos
Pretérito perfecto compuesto - "haya hablado"
Pretérito pluscuamperfecto [Pretérito mais-que-perfeito] - "hubiera hablado" ou "hubiese hablado"
Futuro compuesto[Futuro composto] - "hubiere hablado"
O futuro do conjuntivo é um tempo arcaico que só se emprega hoje em dia em documentos legais. Muitos hispanófonos desconhecem a existência deste tempo verbal. Na Argentina, a fala vulgar está a generalizar o uso do condicional em substituição do pretérito imperfeito nas frases condicionais ("si yo hablaría", significando "si yo hablara", ou "si yo hablase").
Imperativo: habla (tú), hablá (vos), hablad (vosotros)
Para outras pessoas ou em frases negativas, o presente do conjuntivo vale por imperativo.
Verbos regulares
Tempo Simples | Primeiro | Segundo | Terceiro | ||||
---|---|---|---|---|---|---|---|
Infinitivo: | Comprar | Vender | Vivir | ||||
Gerúndio: | Comprando | Vendiendo | Viviendo | ||||
Particípio passado: | Comprado | Vendido | Vivido |
Indicativo | Primeiro | Segundo | Terceiro | ||||
---|---|---|---|---|---|---|---|
Presente: | Compro Compras/Comprás Compra Compramos Compráis/Compran Compran | Vendo Vendes/Vendés Vende Vendemos Vendéis/Venden Venden | Vivo Vives/Vivís Vive Vivimos Vivís/Viven Viven | ||||
Pretérito: | Compré Compraste Compró Compramos Comprasteis/Compraron Compraron | Vendí Vendiste Vendió Vendimos Vendisteis/Vendieron Vendieron | Viví Viviste Vivió Vivimos Vivisteis/Vivieron Vivieron | ||||
Imperfeito: | Compraba Comprabas Compraba Comprábamos Comprabais/Compraban Compraban | Vendía Vendías Vendía Vendíamos Vendíais/Vendían Vendían | Vivía Vivías Vivía Vivíamos Vivíais/Vivían Vivían | ||||
Futuro: | Compraré Comprarás Comprará Compraremos Compraréis/Comprarán Comprarán | Venderé Venderás Venderá Venderemos Venderéis/Venderán Venderán | Viviré Vivirás Vivirá Viviremos Viviréis/Vivirán Vivirán | ||||
Potencial: | Compraría Comprarías Compraría Compraríamos Compraríais/Comprarían Comprarían | Vendería Venderías Vendería Venderíamos Venderíais/Venderían Venderían | Viviría Vivirías Viviría Viviríamos Viviríais/Vivrían Vivirían |
Vocabulário
Devido às prolongadas conquistas às quais Espanha foi submetida ou que submeteu a outras nações, a língua castelhana foi invadida por uma enorme quantidade de vozes "adquiridas" de línguas de diversos grupos. É possível encontrar, no castelhano, palavras celtas, iberas, ostrogodas, visigodas, latinas, gregas, árabes, francesas, italianas, germanas, caribes, astecas, quéchuas, guaranis e outras. A influência relativa de cada um destas "aquisições" varia de acordo com o país falante.
Os países da América, principalmente nas suas regiões rurais, conservam um grande número de arcaísmos: no extremo sul (Argentina e Uruguai), é frequente, no trato coloquial, o uso do "vos" em lugar do "tú" tradicional nos restantes países hispanófonos. A forma "vos" provém do trato formal da segunda pessoa do singular de antigamente, e sobrevive em Espanha na forma do trato informal para a segunda pessoa do plural (vosotros). Também sobrevive na Comarca de Fonsagrada para a segunda pessoa do singular. O trato formal actual é "Usted" para a segunda pessoa do singular e "Ustedes" para a segunda pessoa do plural (também utilizados em Espanha).
Sistema de escrita
Ver artigo principal: Ortografia da língua espanhola
O castelhano/espanhol escreve-se mediante o alfabeto latino. Tem uma letra adicional, Ñ, embora, no passado, ch e ll fossem consideradas letras (ver dígrafo). As vogais podem levar um acento agudo para marcar a sílaba tónica quando esta não segue o padrão habitual, ou para distinguir palavras que, de outra forma teriam a mesma grafia (ver acento diferencial).
O u pode levar trema (ü) para indicar que este se pronuncia nos grupos "güe", "güi". Na poesia, as vogais i e u podem levar trema para romper um ditongo e ajustar convenientemente a métrica de um verso determinado (por exemplo, ruido tem duas sílabas, mas ruïdo tem três).
Referências
↑ «Världens 100 största språk 2010» [The world's 100 largest languages in 2010]. Nationalencyklopedin. 2010. Consultado em 12 de fevereiro de 2014 (sueco)
↑ Lewis, M. Paul; Simons, Gary F.; Fennig, Charles D. (2013), Spanish (em espanhol) 17th ed. , Dallas, Texas: SIL International,410 million as a first language, 470 million as a first and second language
↑ ab Instituto Cervantes (Noticias de "El País",Noticias en "Terra"), Universidad de México (uam.es, educar.org), Babel-linguistics Arquivado em 10 de março de 2009, no Wayback Machine.
↑ Oliveira, Maria Iwato de; Junior, Irineu de Brito; Ribeiro, Felipe Enne Mendes (15 de novembro de 2017). «Venezuelanos em Roraima». doi:10.14488/enegep2017_tn_sto_238_376_34845
↑ La RAE avala que Burgos acoge las primeras palabras escritas en castellano. (em castelhano)
↑ «Spanish languages "Becoming the language for trade" in Spain and». sejours-linguistiques-en-espagne.com/index.html. Consultado em 11 de maio de 2010. Arquivado do original em 18 de janeiro de 2013
↑ «(SPANISH: a language of Spain)». ethnologue.com. Consultado em 21 de abril de 2010. Arquivado do original em 8 de maio de 2009
↑ «IV CILE. Paneles y ponencias. Hiram Vivanco Torres». Congresosdelalengua.es. Consultado em 6 de novembro de 2010
↑ elcastellano.org.
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↑ 1% da população maior de 15 anos do país, que em 2005 era de 44.010.619 (Falantes do espanhol na União Europeia segundo o Eurobarómetro (2006))
↑ Página 32 de [3] (50% dos 733 000 estrangeiros são do Mercosul, e 43 064 imigrantes espanhóis).
↑ Anuário da Enciclopédia Britânica de 1997 CVC anuario del 99
↑ BBY (1997) (50 000 sefarditas)[4] + 80.000 íbero-americanos [5]
↑ Anuario da Enciclopédia Britânica de 1997 CVC anuario del 99
↑ 59 017 espanhóis (censo 2001) e 48 637 colombianos (estimativa da Open Channels e do consulado colombiano em 1999) [6]. Os colombianos são grupo mais numeroso de latino-americanos, depois dos brasileiros, no Reino Unido
↑ Pág. 32 do estudo. «Demografía de la Lengua española» (PDF)
↑ Pág. 32 do estudo. «Demografía de la Lengua española» (PDF). , dado que se aproxima aos 104 000 dados pela Enciclopédia Britânica
↑ Censo sueco SCB, (2002)
↑ Dos quais 14 905 são espanhóis (censo 2001) e 75 000 equatorianos [7] (o maior grupo de latinoamericanos na Itália)
↑ 1% da população da Bélgica maior de 15 años, que em 2005 era de 8.598.982 (Falantes do espanhol na União Europeia segundo o Eurobarómetro (2006))
↑ http://n.girasol.googlepages.com/dato_c.html Em falta ou vazio|título=
(ajuda) (75 300 latino-americanos não brasileiros + 1 265 espanhóis Censo 2001)
↑ «Censo 2001 (espanhóis em Andorra]» (PDF)
↑ «Statistics New Zealand Censo demográfico de 2006» 🔗
↑ «Ethnologue»
↑ Residentes espanhóis na Holanda segundo o censo de 2001
↑ «Instituto Cervantes»
↑ Residentes espanhóis em Portugal segundo o censo de 2001.
↑ «Ethnologue»
↑ «Registro de Matrícula de residentes de los Consulados Españoles. Ministério de Assuntos Exteriores da Espanha, 1999-2001» (PDF)
↑ Hualde, José Ignacio (2010). Introducción a la Lingüística Hispánica 2ª ed. [S.l.]: Cambridge University Press. p. 325. 554 páginas. ISBN 978-0-521-51398-2
↑ «Uso da palavra ayote»
Ver também
- Commons
- Wikilivros
- Wikcionário
- Judeu-espanhol
- Cognato
- Espanhol da América
- Polêmica em torno das denominações espanhol e castelhano
- Diferenças entre o castelhano e o português
- Pronomes da língua espanhola
- Lista de línguas por total de falantes
Ligações externas
Real Academia Española (em castelhano)
Língua espanhola na BBC Online (em inglês)