Puris





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Retratos de índios puris feitos pelo pintor alemão Johann Moritz Rugendas no século XIX




"Dança dos puris", pintura do século XIX de Van de Velden a partir de Johann Baptist von Spix




Pintura de Johann Moritz Rugendas do século XIX retratando cerimônia de dança dos índios puris


Os puri, também chamados telikong e paqui,[1] são um grupo indígena brasileiro falante de um idioma do tronco linguístico macro-jê que habitou os estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo, até os séculos XVIII e XIX. Embora a história oficial dê conta do seu extermínio, o povo puri resiste e luta hoje pelo seu reconhecimento perante os órgãos oficiais. Pequenos núcleos dos remanescentes do povo puri são encontrados no distrito de Fumaça, em Resende.




"Puris na sua floresta", pintura do século XIX do italiano Giulio Ferrario



Commons

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Índice






  • 1 Etimologia


  • 2 Histórico.


  • 3 Referências


  • 4 Ver também


  • 5 Ligações externas





Etimologia |


O termo "puri" surgiu a partir de uma expressão pejorativa que lhes havia sido dada por seus vizinhos, os índios coroados. Significa "povo miúdo, gentinha, fraco, de pequena estatura".[1]



Histórico. |


Os índios da tribo puri eram hábeis pescadores e viviam na região da Serra da Mantiqueira, nos atuais estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, no Brasil. Subdividiam-se em três subgrupos: sabonam, uambori e xamixuna. Com a chegada dos colonizadores luso-brasileiros à região, a partir do século XVIII,[1] começaram os primeiros confrontos entre os puris e os portugueses.eles foram decendo ate chegar onde hoje é Resende.


Em Ponte Nova, aproximaram-se dos colonizadores de origem portuguesa, sendo comum sua presença nas fazendas como agregados. Mesmo no primeiro quartel do século XIX, mantinham aldeamentos próximos do povoado. Duas dessas aldeias situavam-se no local do atual Bairro do Pacheco e no alto do Morro do Pau d`Alho, onde hoje se ergue o Colégio Dom Helvécio.


Cláudio Moreira Bento, escrevendo sobre as comemorações dos duzentos anos de Resende, comenta o massacre dos índios puris pelos primeiros habitantes dos municípios que formaram a cidade. Apoia-se em fontes a que recorreu para escrever o ensaio "Os Puris do Vale do Paraíba Fluminense e Paulista", in Migrações do Vale do Paraíba, São José dos Campos: UNIVAP, 1994, que publicou nos Anais do XII Simpósio de História do Vale do Paraíba, trabalho republicado pela Academia Itatiaiense de História, em Volta Redonda, 1995. Contesta, nele, as afirmações de Joaquim Norberto de Souza e Silva em sua Memória Documentada das Aldeias de Índios da Província do Rio de Janeiro, no número catorze da Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, apresentado na sessão magna do instituto em 1852.


Diz Joaquim Norberto que "O ousado sargento–mor Joaquim Xavier Curado, depois general e Conde de Duas Barras, transportando-se aos campos infestados de Puris, formou um corpo (tropa militar) com seus moradores" (de Resende) e completa: "Ainda hoje (1852), se relata, à tradição, as maiores atrocidades cometidas em vingança contra os atentados dos índios e acusa a peste das bexigas (varíola) levada ao seio das tabas puris como um meio eficaz de reduzi-los. O horror de tão negras cenas presenciaram os moradores do Paraíba, cuja torrente caudalosa arrastava quotidianamente os hediondos cadáveres das míseras vítimas."


Joaquim Norberto se referiu genericamente à tradição, diz Cláudio Moreira Bento, sem apontar caso concreto a ser investigado em outras possíveis fontes. E tradição não se constitui fonte histórica, ainda mais quando fontes primárias, como o Relatório de Passagem do Governo do Vice-rei Dom Luís de Vasconcelos ao Conde de Resende, que menciona a pacificação de Resende pelo capitão Curado, não autoriza a sua grave insinuação. O Relatório do Vice-rei diz apenas que o capitão Curado, que chama de valente oficial, "conseguiu afugentar os rebeldes fora do sertão (do Campo Alegre) circunvizinho, por ter recorrido aos meios só capazes de os aterrar."


Alfredo Pretextado Maciel da Silva, em Generais do Exército Brasileiro, Rio de Janeiro, Imprensa Militar, 1905, assim interpretou a missão do capitão Curado: "No governo do vice-rei dom Luís de Vasconcelos e Sousa (1779-1790), partiu do Rio de Janeiro para pôr-se à testa dos moradores do sertão da Paraíba Nova, (...) com o fim de reprimir com o maior rigor, antes que fizessem mais prejudiciais, as irrupções que faziam nos referidos sertões (Sertão do Campo Alegre) uma horda de índios bravios, assolando fazendas que saqueavam, atacando e matando a todos que infelizmente lhes caíam em mãos.". E adiante: "De modo que a maior parte dos fazendeiros que tinham seus estabelecimentos ao norte do rio (Paraíba) os abandonaram, por não serem suas forças capazes de se lhes fazer frente, o que permitiu a esses índios passarem para o lado oposto do Paraíba, onde continuaram as suas hostilidades e depredações. Conseguiu o dito Xavier Curado salvar os fazendeiros e moradores sem nenhuma opressão e restabeleceu a tranquilidade de que estavam privados, com toda a prudência e moderação, empregando um corpo de tropas que formou de diversos moradores para as diligências que se fizeram necessárias para rechaçar os que se tornaram indomáveis, o que o fez respeitado em diversas ocasiões e lugares em que se praticaram aquelas irrupções".


Assim, os puris teriam sido afugentados para fora do sertão circunvizinho (Sertão do Campo Alegre, hoje Resende, Itatiaia, Porto Real, Quatis, Barra Mansa, Volta Redonda), onde não mais apareceram, tendo sido congregados os dispersos que restaram, de modo a formar uma nova aldeia no local em que habitavam – o Minhocal, onde, por longos anos, se conservaram sob a ação inteligente do padre Henrique José de Carvalho (pároco de Resende por 22 anos, de 1767 a 1789).


Em relatório de 1801, o padre Francisco Chagas Lima, fundador de Queluz, a mais fiel fonte sobre os puris do Campo Alegre, reproduzida pelo historiador Paulo Pereira Reis em Os Puris de Paicaré, diz: "Não se conhecia fato algum de um puri que haja matado um branco. Quando os brancos embrenhavam-se na mata para colher a planta medicinal poaia, ao encontrarem os puris, estes se punham a correr, arriscando-se furtivamente a apanharem, para seus usos, as ferramentas dos brancos. O próprio nome "puri" significava, na língua deles, gente mansa ou tímida."


A organização de uma força em Resende para afugentar índios bravios se deve certamente a incursões de índios botocudos vindos de Minas Gerais e que agrediam brancos e os próprios puris. O governador de São Paulo Diogo de Vasconcelos, em carta de 13 de outubro de 1775, descreveu os puris como "índios tímidos, medrosos e covardes, não havendo o que temer deles".



Referências




  1. abc OLIVEIRA, Enio Sebastião Cardoso de O Paradigma da Extinção: Desaparecimento dos Índios Puris em Campo Alegre no Sul do Vale do Paraíba. Anais do XV encontro regional de história da ANPUH-Rio. Acesso em 7 de junho de 2013.



Ver também |


  • Língua puri


Ligações externas |




  • Quem eram os índios Puri-Coroado da Mata Central de Minas Gerais no início dos oiticentos? Contribuição dos relatos de Eschwege e Freyreuss para uma polêmica (1813-1836). Por José Otávio Aguiar.


  • Herança indígena. Artigo sobre os índios Puri, por Fulvia D'Alessandri.


  • Os aldeamentos indígenas do Rio de Janeiro, por José Ribamar Bessa Freire e Márcia Fernanda Malheiros.
























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